JOÃO PAULO É DESTAQUE EM REPORTAGEM DO BLOG "DE BATE E PRONTO"

Um pequenino potiguar, que hoje desbrava terras do sudeste da Europa, mais precisamente o atacante brasileiro conta com grande apreço dos clubes e torcidas na Bulgária.

No Brasil, seu sucesso ficou ofuscado e João, hoje é lembrado apenas pela torcida do ABC de Natal e do Botafogo da Paraíba, já na Bulgária tem fama de artilheiro. Conversamos com o simpático e disposto atacante que hoje defende o Botev Plovdiv e está próximo de uma nova final da Copa Nacional. Confira ai nosso papo com João Paulo:
João Paulo marcando gol pelo ABC
DBeP: Seu inicio de carreira não foi fácil, sua baixa estatura fez com que você fosse dispensado de alguns clubes, mas com persistência e qualidade você acabou encontrando seu espaço. Como foi esse inicio caminhada? Lembra-se de ter pensando em desistir alguma vez?
João Paulo: Foi difícil sim, muito. Mas pensar em desistir nunca! Na época eu estava com 17 anos, 18 anos… Dai você tem que começar a trabalhar, e nessa vida de fazer testes e não ser aprovado, meu pai acabou arrumando um emprego para mim. E meu “último tiro” foi fazer o teste no ABC. Era tarde, um amigo meu passou na frente de minha casa e me avisou sobre o peneirão. No peneirão joguei apenas 15 minutos, fiz dois gols. Foi ai que começou minha trajetória no ABC.

DBeP: Em algumas entrevistas notamos o carinho que tens ao falar do seu avô, maior incentivador da sua carreira, que infelizmente não está mais entre nós. Se você pudesse dizer uma coisa a ele hoje, o que diria?
João Paulo: Meu avô foi um dos maiores e o primeiro incentivador da minha carreira de jogador. Era meu fã número zero, nem foi o número um, por que acreditou em mim antes de qualquer um. Ele me deu minha primeira chuteira, foi… Foi não, é alguém que jamais esquecerei. Tudo que fez por mim foi inesquecível, e agora meu primogênito é Manoel (em homenagem ao avô de mesmo nome). Se eu pudesse falar algo a ele? Eu não perderia tempo falando, usaria o tempo para abraça-lo e agradece-lo por tudo que fez por mim.
Nosso entrevistado (direita) atuando pelo Gwangju da Coréia do Sul
DBeP: Todo mundo sabe que trocar de país sempre é complicado, a língua, as culturas, a culinária… Você atuou na Coreia do Sul e Bulgária. Quais desses países foi o mais difícil em relação a adaptação? Você deve ter passado por poucas e boas nesses países, tem alguma história engraçada que vivenciou nesses países?
João Paulo: Sem sombra de dúvidas o mais difícil a adaptação, alimentação e o clima na Coréia. Saí de Natal com “50°C na cabeça” e cheguei na Coréia com -17°C. Complicado, se tivesse uma passagem de volta eu teria voltado e nem descido do avião (risos). Sobre algo engraçado, lembro quando fui a um restaurante e eles estavam servindo polvo vivo, só cortavam o polvo, jogavam pimenta e comiam ele ainda se mexendo. Meu tradutor me alertou para eu mastigar bem por que poderia morrer engasgado, olhei para ele e disse que queria um ovo frito, comer polvo e arriscar morrer? Quero não (risos). Já no cardápio da segunda equipe que defendi lá, o Daejeon, havia opção de cachorro ensopado. É a cultura deles, eu respeito, mas fico com meu arroz, feijão, cuscuz e carne de sol (risos).
João Paulo pelo Botev
DBeP: Logo na sua chegada na Bulgária, quando fechou com o Botev, ja foi bem, fazendo 13 gols pelo clube e vencendo uma Taça. Como você é tratado na Bulgária? Como é ser conhecido e nem tanto aqui no Brasil?
João Paulo: No Brasil sou mais conhecido no nordeste por ter atuado no ABC/RN e no Botafogo/PB. Aqui na Bulgária é tranquilo, quando saio na rua muitos conhecem, alguns se aproximam para tirar fotos… É legal. A torcida do Ludogorets não é tão grande por ser um time novo, mas o Botev tem mais tradição na Bulgária, um time de massa, a torcida é bem maior e aqui em Plovdiv eles pedem bastante fotos e autógrafos.
O natalense balançando as redes pelo Ludogorets
DBeP: Jogar uma Liga Europa é para poucos, e você conseguiu esse feito defendendo o Ludogorets. Qual foi a sensação de chegar a esse patamar?
João Paulo: O que mais me chamou atenção na proposta do “Ludo” foi a possibilidade de jogar essas competições. Eu tinha propostas da Turquia e de outros clubes da Bulgária, mas vi a grandeza do “Ludo” por já ter disputado Champions League e Liga Europa. Abaixo de uma Copa do Mundo, é o sonho de todo jogador disputar essas competições. A Champions League não veio, tropeçamos na eliminatória. Na volta ao clube vou buscar novamente esse objetivo de jogar uma Champions, e sim foi um sonho que realizei poder estar jogando uma Liga Europa.

DBeP: Ainda falando sobre a Bulgária, o capitão do Ludogorets Dyakov, foi recentemente acusado de racismo, é comum casos assim na Bulgária? Você passou por alguma situação assim?
João Paulo: Esses atos não que sejam normais aqui, mas nota-se sim, principalmente pelo lado da torcida. No Botev temos jogadores negros, e todos se queixavam de escutar da torcida algumas “coisas”. Infelizmente acontece, em pleno século 21 passar por situações assim é triste.
João comemorando seu gol pela semifinal da Copa
DBeP: Estavamos tentando entender a sua situação contratual, mas foi dificil (risos)… Você estava no Botev, foi vendido ao Ludogorets e agora retornou em empréstimo ao Botev? Sua temporada no Ludogorets foi muito boa, teve propostas de outros times? E aonde pretende jogar nos próximos anos?
João Paulo: É isso mesmo. Depois de atuar apenas seis meses no Botev e virar artilheiro, eu assinei por 3 anos com o Ludogorets. No restante do campeonato acabei não atuando, por ter quatro estrangeiros no time e só três podem atuar… Recentemente também passei por uma situação ruim, estávamos em pré-temporada na Turquia, fiz gol contra o Shakhtar, enfim, marquei cinco gols nos amistosos, estava muito bem antes de enfrentar o Milan na Liga Europa. Isso fez eu pensar que ao menos no banco de reservas eu estaria na partida contra o Milan. Acabei sendo cortado pelo treinador que poderia levar só 21 jogadores, eu era o vigésimo segundo. Além de cortado desse jogo, estava sendo cortado de jogos pela Parva Lig (Campeonato Búlgaro). Foi então que surgiu a proposta de voltar ao Botev para jogar três meses, como não estava sendo utilizado no “Ludo” vi com bons olhos a volta por empréstimo, o que graças a Deus está dando certo. Até agora foram 7 jogos, 5 gols e 3 assistências, pela frente temos mais um jogo da semifinal, o primeiro vencemos, tudo encaminhado para chegarmos em mais uma final de Copa e tentar a terceira ou quarta colocação na Parva Lig também.

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